Segundo o site de notícias BuzzFedd, o ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho, em delação premiada, relatou ter entregue dinheiro vivo, em 2014, no escritório de advocacia de José Yunes, amigo e conselheiro próximo do presidente Michel Temer.
No Senado a Odebrecht contava com Caju (Romero Jucá, PMDB-RR) como seu principal aliado. Ele, ao lado de Justiça (Renan Calheiros, PMDB-AL) e Índio (Eunício Oliveira, PMDB-CE) são apontados pelo delator como os principais articuladores dos interesses da empreiteira na Casa, como o BuzzFeed mostrou na reportagem “Jucá centralizou recebimento de R$ 22 mi para ele, Renan e Eunício, diz delator”.
Há também menções a Babel (Geddel Viera Lima, PMDB-BA).
O irmão dele, deputado Lúcio Viera Lima (PMDB-BA), também é citado como “Bitelo”. Na delação, é dito que ele, para não atrapalhar a aprovação de uma medida provisória de interessa da Odebrecht recebeu entre R$ 1 milhão a R$ 1,5 milhão.
Nas planilhas da Odebrecht, o ministro Eliseu Padilha (PMDB-RS) aparece como “Primo” e seu colega de esplanada Moreira Franco (PMDB-RJ) é chamado de “Angorá”.
Outro citado (e como não seria?) é Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Com o codinome Caranguejo, o delator diz que a empresa aprovou pagamentos de R$ 7 milhões para o deputado.
O ex-governador da Bahia Jacques Wagner (PT-BA) é outro que figura na lista com o codinome “Polo”. Além de um relógio Hublot modelo Oscar Niemeyer que custa cerca de R$ 80 mil, o político foi beneficiado com diversos pagamentos. Somente em 2010 o delator diz que lhe foram destinados cerca de R$ 9,5 milhões.
Outro na lista é Delcídio do Amaral (ex-PT-MS), com o codinome Ferrari. Após a aprovação de um projeto no Senado sobre alíquotas de ICMS, ele reclamou com a Odebrecht que estava recebendo pouca atenção da empresa. Na delação consta que após o chiado ele levou R$ 500 mil.
Quem também aparece, sendo o destinatário de R$ 100 mil é o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), codinome Botafogo.
Há também uma citação ao codinome Las Vegas, atribuído a Anderson Dornelles, um dos mais fiéis assessores de Dilma Rousseff. Na delação de Melo Filho é dito que ele recebeu por sete meses uma mesada de R$ 50 mil da empreiteira.
Nas planilhas o hoje ex-senador preso Gim Argello aparece como Campari. Em 2010, segundo Melo Filho, ele recebeu R$ 1,5 milhão em cash.
O “Cerrado”, “Pequi” e o “Helicóptero”, também são retratados na delação do ex-vice-presidente de relações institucionais da Odebrecht. Os codinomes dizem respeito ao senador Ciro Nogueira (PP-PI), beneficiado com R$ 1,6 milhão.
O senador José Agripino Maia (DEM-RN) aparece como sendo o beneficiário de R$ 1 milhão que lhe teriam sido destinados pela Odebrecht após pedidos de Aécio Neves. O codinome de Agripino é “Pino” ou “Gripado”. O senador Agripino diz que desconhece a delação. Aécio foi procurado e ainda não respondeu à reportagem.
O ex-deputado federal Inaldo Leitão, codinome “Todo Feio”, teria recebido R$ 100 mil.
O prefeito eleito de Ribeirão Preto, por sua vez, Duarte Nogueira (PSDB-SP), é citado com o codinome “Corredor”. No sistema que a Odebrecht usava para controlar pagamentos não contabilizados, ele aparece como beneficiário de R$ 350 mil.
Além disso, também foram feitas doações a campanhas.
O Gremista também é contemplado na delação, codinome de Marco Maia.
Há ainda o deputado federal Antonio Brito, com R$ 100 mil e o codinome “Misericórdia”.
O delator também diz que em 2010 foram destinados R$ 100 mil para Paes Landim com o codinome “Decrépito”, R$ 200 mil para Heráclito Fortes com o codinome “Boca Mole”, R$ 300 mil para o então senador Arthur Virgílio (codinome Kimono) e R$ 300 mil para José Carlos Aleluia, codinome “Missa”.
No mesmo ano também consta na planilha R$ 200 mil para Lídice da Mata (codinome Feia), R$ 200 mil para Francisco Dornelles (codinome Velhinho), entre outros políticos.
Veja os nomes dos polítícos que Cláudio Melo Filho disse que receberam doações não declaradas, os valores e a situação do pagamento:
– Adolfo Viana (PSDB-BA), deputado estadual. Recebeu R$ 50 mil não declarados.
– Aécio Neves (PSDB-MG), senador. Pediu R$ 1 milhão para o DEM, não declarados.
– Anderson Dornelles, ex-assessor de Dilma Rousseff. Recebeu R$ 350 mil não declarados.
– Antonio Brito (PSD-BA), deputado federal. Recebeu R$ 100 mil não declarados, R$ 200 mil indefinidos e R$ 130 mil declarados.
– Arthur Maia (PPS-BA), deputado federal. Recebeu R$ 250 mil não declarados e R$ 350 mil declarados.
– Arthur Virgílio (PSDB-AM), prefeito eleito de Manaus. Recebeu R$ 300 mil não declarados.
– Ciro Nogueira (PP-PI), senador. Recebeu R$ 300 mil não declarados e R$ 1,8 milhão declarados.
– Colbert Martins (PMDB-BA), ex-deputado federal. Recebeu R$ 150 mil não declarados e R$ 441 mil declarados.
– Daniel Almeida (PCdoB-BA), deputado federal. Recebeu R$ 100 mil não declarados.
– Delcídio do Amaral (sem partido-MS), ex-senador. Recebeu R$ 500 mil não declarados.
– Duarte Nogueira (PSDB-SP), prefeito eleito de Ribeirão Preto. Recebeu R$ 350 mil não declarados e R$ 300 mil declarados.
– Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ex-deputado federal. Recebeu R$ 10,5 milhões, não determinado.
– Eliseu Padilha (PMDB-RS), ministro-chefe da Casa Civil. Recebeu R$ 10 milhões a pedido de Temer, não determinado.
– Eunício Oliveira (PMDB-CE), senador. Recebeu R$ 2,1 milhões não declarados.
– Francisco Dornelles (PP-RJ), vice-governador do Rio de Janeiro. Recebeu R$ 200 mil não declarados.
– Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), ex-ministro da Secretaria de Governo. Recebeu R$ 1 milhão não determinados, R$ 1,5 milhão não declarados e R$ 2,380 milhões declarados.
– Gim Argello (PTB-DF), ex-senador. Recebeu R$ 1,5 milhão não determinados, R$ 300 mil declarados e R$ 1 milhão não declarados.
– Heráclito Fortes (PSB-PI), R$ 200 mil não declarados e R$ 50 mil declarados.
– Hugo Napoleão (PSD-PI), ex-senador. Recebeu R$ 100 mil declarados e R$ 100 mil não declarados.
– Inaldo Leitão, ex-deputado. Recebeu R$ 100 mil não declarados.
– Jaques Wagner (PT-BA), ex-ministro. Recebeu R$ 3 milhões não determinados e R$ 7,5 milhões não declarados. Cláudio Melo diz acreditar que foram repassados R$ 10 milhões para a candidatura de Rui Costa em 2014, a pedido de Wagner.
– José Agripino (DEM-PI), senador. Recebeu R$ 1 milhão, a pedido de Aécio Neves, não determinados.
– José Carlos Aleluia (DEM-BA), deputado federal. Recebeu R$280 mil declarados e R$ 300 mil não declarados.
– Jutahy Magalhães (PSDB-BA), deputado federal. Recebeu R$ 350 mil sem declaração e R$ 500 mil declarados.
– Lídice da Mata (PSB-BA), senadora. Recebeu R$ 200 mil não declarados.
– Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), deputado federal. Recebeu R$ 400 mil declarados e teria recebido R$ 1,5 milhão não declarados.
– Marco Maia (PT-RS), deputado federal. Recebeu R$ 1,35 milhão não declarados.
– Michel Temer (PMDB-SP), presidente da República. Pediu repasse de R$ 10 milhões.
– Moreira Franco (PMDB-RJ), secretário do PPI. Pediu recursos para o PMDB, mas o recebimento foi feito através de Eliseu Padilha.
– Paes Landim (PTB-PI), deputado federal. Recebeu R$ 100 mil não declarados e R$ 80 mil declarados.
– Paulo Henrique Lustosa (PP-CE), ex-deputado federal. Recebeu R$ 100 mil não declarados e R$ 100 mil declarados.
– Paulo Magalhães Junior (PV-BA), vereador eleito de Salvador. Recebeu R$ 50 mil não declarados.
– Paulo Skaf (PMDB-SP), presidente da Fiesp. Recebeu R$ 6 milhões dos R$ 10 milhões negociados por Michel Temer.
– Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado. Beneficiado com os R$ 22 milhões repassados ao grupo do PMDB na Casa (doações declaradas e não declaradas).
– Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara. Recebeu R$ 600 mil não determinados.
– Romero Jucá (PMDB-RR), senador. Beneficiado com os R$ 22 milhões repassados ao grupo do PMDB do Senado (doações declaradas e não declaradas).
– Rui Costa (PT-BA), governador da Bahia. Teria recebido R$ 10 milhões a pedido de Jaques Wagner (não determinado).
(Fonte BuzzFedd – G1)