Destaques

Brasileiros são as grandes vítimas do esquema descoberto na Carne Fraca

Os políticos brasileiros tentam justificar os crimes cometidos pelos frigoríficos e servidores do Serviço de Inspeção Federal do Brasil, mais, os Brasileiros são as únicas vítimas do grande crime cometido pelos frigoríficos,na operação deflagrada nesta sexta-feira (17) pela Polícia Federal, a Carne Fraca que foi reveladas fraudes em carnes produzidas por 21 frigoríficos, vendidas no Brasil e no exterior, a carne brasileira para entrar em outros países ela  é inspecionada pelos fiscais do pais onde a carne esta sendo recebida, sendo assim a conclusão óbvia ao qual chegamos é que o Brasil é o único pais que comercializa a carne podre e  que os Brasileiros são os únicos que comem a carne podre negligenciadas pelos fiscais do Ministério da Agricultura. A operação atingiu algumas das principais empresas do setor, como a BRF, que controla a Sadia e a Perdigão, e a JBS, responsável pelas marcas Friboi e Seara.

Segundo a Polícia Federal, fiscais do Ministério da Agricultura recebiam propina para liberar licenças sem realizar a fiscalização adequada nos frigoríficos.

A investigação indica que eram utilizadas substâncias químicas para maquiar carne vencida, e que água era injetada nos produtos para aumentar o peso.

De acordo com a Polícia Federal, esse seria um dos delitos cometidos pelas empresas, que utilizavam ingredientes no processamento de carnes em quantidades acima do que determina a regulamentação. “Eles usam ácidos, outros ingredientes químicos, em quantidades muito superiores à permitida por lei pra poder maquiar o aspecto físico do alimento estragado ou com mau cheiro”, explicou o delegado da PF responsável pela investigação, Maurício Moscardi Grillo, em entrevista coletiva na sexta-feira.

A investigação da Carne Fraca grampeou debates entre o agente de inspeção federal Carlos Cesar e o auxiliar operacional em agropecuária Carlos Augusto Goetzke, conhecido como Carlão, em que eles ponderam sobre o destino de uma carga de 18 toneladas de carne de peru infectada com salmonela, do frigorífico Souza Ramos: fabricar mortadela ou ração?

“Chega a causar náuseas a naturalidade com a qual ambos tratam a destinação a ser dada para a carne podre, com salmonela e altamente imprópria para consumo – colocar no digestor ou fazer mortadela”, afirmam os investigadores.

Diálogos interceptados pela PF também mostram um diretor da BRF, André Baldissera, conversando com um interlocutor identificado como Fabrício sobre a retenção de contêineres na Itália. Com base nos áudios, a investigação concluiu que as autoridades sanitárias da Europa haviam identificado no carregamento “traços de uma das variações da bactéria salmonela” e, por isso, havia vetado a entrada dos alimentos.

Outro alvo é o frigorífico Peccin Agroindustrial Ltda., baseado em Curitiba e dono da marca Italli Alimentos. O grupo é responsável por algumas das fraudes mais graves detectadas pelos investigadores.

Uma das provas coletadas pela Polícia Federal contra a Peccin é um diálogo entre Idair Antonio Piccin, dono do frigorífico Peccin, e Nair Klein Piccin, sua mulher e sócia. Na conversa, gravada pela PF em março de 2016, o casal discute a utilização de carne de cabeça de porco na fabricação de linguiças, o que é proibido por lei.

Segundo a PF, o grupo Peccin “pagava propina aos fiscais agropecuários” para ignorarem as “absurdas práticas sanitárias irregulares da empresa e facilitarem a obtenção dos documentos necessários ao seu regular funcionamento”.

Confira o diálogo:

IDAIR: Você ligou?

NAIR: Eu? Sim eu liguei. Sabe aquele de cima lá, de Xanxerê?

IDAIR: É.

NAIR: Ele quer te mandar 2 mil quilos de carne de cabeça. Conhece carne de cabeça?

IDAIR: É de cabeça de porco, sei o que que é. E daí?

NAIR: Ele vendia a 5, mas daí ele deixa a 4,80 para você conhecer, para fechar carga.

IDAIR: Tá bom, mas vamos usar no quê?

NAIR: Não sei.

IDAIR: Aí que vem a pergunta, né? Vamo usar na calabresa, mas aí, é massa fina, é? A calabresa já está saturada de massa fina, é pura massa fina.

NAIR: Tá.

IDAIR: Vamos botar no quê?

NAIR: Não vamos pegar, então?

 IDAIR: Ah, manda vir 2 mil quilos e botamos na linguiça ali, frescal, moída fina.

NAIR: Na linguiça?

IDAIR: Mas é proibido usar carne de cabeça na linguiça…

NAIR: Tá, seria só 2 mil quilos para fechar a carga. Depois da outra vez dá para pegar um pouco de toucinho, mas, por enquanto, ainda tem toucinho (ininteligível).

IDAIR: O toucinho, primeira coisa, tem de ver que tipo de toucinho que ele tem.

NAIR: Sim.

IDAIR: É, manda ele botar, vai descarregar aonde?

NAIR: Cem quilos de toucinho para ver que tipo de toucinho é o dele.

IDAIR – Vai descarregar aonde isso?

NAIR: Em Jaraguá.

IDAIR: Manda botar. (…)

NAIR: E dessa vez pego os 2 mil quilos de cabeça então?

IDAIR: É, pega. Nós vamos fazer o quê? Só que na verdade usar no quê? Vai ter de enfiar um pouco em linguiça ali.

NAIR: Em Jaraguá tem mil quilos de sangria, essa serve para quê?

IDAIR: Para calabresa.

NAIR: Só para calabresa? Tá, tá bom, tá.

IDAIR: Tchau.

Em  outra conversa interceptada pela Polícia Federal entre Idair Piccin e Normélio Peccin, dois dos sócios do frigorífico Peccin, os empresários demonstram estar impressionados com a resiliência de uma peça de presunto podre, que quase não aparenta a condição. “Não tem cheiro de azedo”, garante um deles:

Normélio: Tu viu aquele presunto que subiu ali ou não chegou a ver?

Idair: Ah, eu não vi. Cheguei lá, mas o Ney falou que tá mais ou menos . Não tá tão ruim.

Normélio: Não. Não tá. Fizemos um processo, até agora eu não entendo, cara, o que é que deu naquilo ali. Pra usar ele, pode usar sossegado. Não tem cheiro de azedo. Nada, nada, nada.

Conforme a apuração da Polícia Federal, até mesmo Daniel Gonçalves Filho e Maria do Rocio, os dois líderes do esquema no Paraná, ficavam preocupados com o funcionamento o frigorífico Larissa, do empresário Paulo Sposito, tamanha era a “ausência de qualidade” em sua produção.

Em um diálogo com um funcionário, Sposito não se mostra surpreso com a substituição de etiquetas de validade em uma carga de carnes de barriga ou com a utilização de carnes vencidas há três meses para a produção de outros alimentos. “Se é que se pode chamar de alimento algo composto por restos não mais aptos ao consumo humano”, observa a PF.