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Venezuelanos invadem Roraima para pedir esmola

Seja para vender bugigangas, limpar para-brisas dos automóveis ou mesmo pedir  esmola, venezuelanos tomaram conta dos semáforos de Boa Vista, em Roraima, e fazem diversos trabalhos para ganhar algum dinheiro. Curiosamente, um dos locais onde mais venezuelanos se concentram é a esquina da rua Mario Homem de Melo com a avenida Venezuela, ponto nevrálgico da capital estadual, que nos últimos meses recebeu cerca de 2.500 pessoas.

Nessa esquina, sob o calor impiedoso do meio-dia ou no meio do caos do trânsito ao cair da tarde,  jovens venezuelanos se lançam sobre os para-brisas dos automóveis e dos enormes caminhões que param nos sinais, munidos de garrafas de água e instrumentos de limpeza. São rapazes e moças de 18 a 28 anos .

Índios venezuelanos

Compartilhando ou muitas vezes disputando espaços nos semáforos é possível ver em muitas esquinas de Boa Vista mulheres com vistosas saias floreadas, que também chegaram da Venezuela, mas quase não falam espanhol e não pronunciam uma palavra sequer em português. São índias da etnia warao, que têm sua própria língua e vivem na região do rio Orinoco, no coração da Amazônia venezuelana, mas que agora começaram a se deslocar para o Brasil.

São mulheres, muitas vezes acompanhadas pelos filhos, que passam horas nos semáforos, e em suas mãos carregam copos enfeitados com motivos indígenas que elas vão enchendo com moedas durante o dia. Ao contrário do resto dos venezuelanos que emigraram para o norte do Brasil, as warao não trabalham e se dedicam exclusivamente à mendicância, disse a freira Telma Lage, coordenadora da Comissão de Migração e Direitos Humanos do estado de Roraima. “Não trabalham porque é muito difícil a comunicação, não falam português nem espanhol”, disse a freira, calculando que as mulheres warao representam em torno de 25% da emigração venezuelana no norte do Brasil.