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Vírus desconhecido é descoberto no Brasil

Cientistas brasileiros da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em parceria com estudiosos franceses da Universidade Aix-Marseille, na França, descobriram um novo vírus, que foi batizado de Yaravirus brasiliensis. O nome é uma referência ao folclore do Brasil.

O que intriga os pesquisadores é que o vírus tem 90% de seus genes totalmente desconhecidos da ciência. Apenas seis deles apresentam alguma semelhança com outros mapeamentos anteriores. Mesmo assim, são parentescos distantes, segundo informações contidas em uma prévia do estudo, publicada no site bioRxiv no último dia 28 de janeiro.

Por isso, os cientistas acreditam que seja uma nova linhagem de vírus amebal. Contudo,esse tipo de vírus é comumente formado por uma partícula grande, ou gigante, além de ter um genoma complexo, o que já sabe que o Yaravírus não possui.

Dessa forma, os especialistas especulam que ele seja o primeiro caso isolado de um novo grupo de vírus amebais, ou que ele possa ter evoluído e se tornado um vírus amebal de forma reduzida.

“A quantidade de proteínas desconhecidas que compõem o Yaravírus reflete a variabilidade existente no mundo viral e o potencial de novos genomas virais a serem descobertos”, escreveram os pesquisadores no artigo.

Em janeiro, Belo Horizonte ficou marcada pela “doença misteriosa”, que depois foi explicada pela intoxicação exógena por dietilenoglicol, causadora da síndrome nefroneural. Agora, a capital mineira também protagoniza o achado do “vírus misterioso”, encontrado por dois pesquisadores, um brasileiro e outro francês, na Lagoa da Pampulha.

Segundo artigo escrito pelos cientistas Bernard La Scola e Jonatas Abrahão, o Yaravírus tem mais de 90% dos genes previstos ainda desconhecidos, ou seja, nunca foram descritos antes.

De acordo com o estudo, o vírus pode ser a primeira Acanthamoeba spp. isolada fora do grupo dos vírus nucleocitoplasmáticos de DNA grande (NCLDV). Trata-se de um protozoário normalmente encontrado em lagos, piscinas e água de torneira.

Ainda segundo a pesquisa, o Yaravírus não é representado por uma partícula enorme e um genoma (informação genética) complexo. Contudo, o grande número de genes ainda misteriosos chama atenção dos cientistas, que alertam para a importância de se estudar mais sobre os vírus.

Além disso, os seis tipos de RNA (ácido ribonucleico), isto é, o material genético do vírus, não bate com os códigos comumente encontrados na ciência. O ser vivo abriga 26 proteínas virais e, segundo os cientistas, “expande o nosso conhecimento da diversidade dos DNA’s dos vírus”.

Um dos responsáveis pelo estudo, o cientista Jonatas Abrahão, é vinculado ao Instituto de Ciências Biológicas (ICB) do Departamento de Microbiologia da Universidade Federal de Minas Gerais