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Faça Bonito combata o abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes

  

Em memória à menina, vítima de um dos maiores crimes infantil no País na época, o dia 18 de maio foi instituído como o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, com a aprovação da Lei Federal 9.970/2000.

Em 1973 um crime bárbaro chocou o Brasil. Seu desfecho escandaloso seria um símbolo de toda a violência que se comete contra as crianças. Com apenas oito anos de idade, Araceli Cabrera Sanches foi sequestrada em 18 de maio de 1973. Ela foi drogada, espancada, estuprada e morta por membros de uma tradicional família capixaba. O caso foi tomando espaço na mídia. Mesmo com o trágico aparecimento de seu corpo, desfigurado por ácido, em uma movimentada rua da cidade de Vitória (ES), poucos foram capazes de denunciar o acontecido. O silêncio da sociedade capixaba acabaria por decretar a impunidade dos criminosos. Os acusados, Paulo Helal e Dante de Brito Michelini, eram conhecidos na cidade pelas festas que promoviam em seus apartamentos e em um lugar, na praia de Canto, chamado Jardim dos Anjos. Também era conhecida a atração que nutriam por drogar e violentar meninas durante as festas. Paulo e Dantinho, como eram mais conhecidos, lideravam um grupo de viciados que costumava percorrer os colégios da cidade em busca de novas vítimas. A capital do estado era uma cidade marcada pela impunidade e pela corrupção. Ao contrário do que se esperava, a família da menina silenciou diante do crime.   Apesar da cobertura da mídia e do especial empenho de alguns jornalistas, o caso ficou impune. Araceli só foi sepultada três anos depois. Sua morte ainda causa indignação e revolta.

No dia 18 de maio de 1973,era uma sexta-feira, quando Araceli saiu de casa, no bairro de Fátima, na Serra, e foi para a Escola São Pedro, na Praia do Suá, em Vitória. No dia, a menina saiu da escola mais cedo, a pedido da mãe, Lola Cabrera Crespo.
Segundo a mãe, Araceli precisava sair antes da aula terminar, porque poderia perder o ônibus que a levaria de volta para casa.

Por conta do horário de saída, às 16h30, Araceli não estava conseguindo pegar o coletivo para casa que saía no mesmo horário. A pedidos da mãe, o colégio liberou Araceli mais cedo, às 16h10, para dar tempo de a menina chegar em casa.Após sair da escola, ela foi vista por um adolescente em um bar entre o cruzamento das avenidas Ferreira Coelho e César Hilal, em Vitória.
Ainda de acordo com esse adolescente, a menina não entrou no coletivo e ficou brincando com um gato no estabelecimento. Depois disso, Araceli não foi mais vista viva.

Quando a menina não apareceu em casa dentro do horário combinado, os pais de Araceli foram até a polícia comunicar o desaparecimento. No entanto, as autoridades afirmaram que não poderiam fazer nada até segunda-feira.  À noite, o pai, Gabriel Sanchez Crespo, iniciou as buscas por conta própria,Achando que se tratava de um sequestro, levaram a foto da filha para os jornais locais. Já na segunda-feira, a polícia iniciou as buscas oficiais e o caso foi atraindo a curiosidade da população capixaba.

Não só a polícia e os pais de Araceli tinham certeza de que a menina estava viva, como também apareceram parapsicólogos e videntes afirmando que ela não havia morrido. O fio de esperança se rompeu no dia 24 de maio, seis dias depois do desaparecimento, quando Rogério Monjardim encontrou o corpo de Araceli num matagal nas imediações do Hospital Infantil de Vitória, o corpo de uma criança foi encontrado desfigurado e em avançado estado de decomposição, em uma mata atrás do Hospital Infantil, em Vitória.
Inicialmente, o pai de Araceli reconheceu o corpo como sendo da menina, mas em seguida, negou o fato. Após exames chegaram as provas de que o corpo era mesmo de Araceli.
Para elucidar o crime, a Justiça chegou a três principais suspeitos: Dante de Barros Michelini (o Dantinho), Dante de Brito Michelini (pai de Dantinho) e Paulo Constanteen Helal; todos membros de tradicionais e influentes famílias do Espírito Santo.
Depois de investigações e diversas fases na justiça, o processo chegou ao juiz Paulo Copolilo, que gastou cinco anos para estudar o caso.
Assim, Copolito escreveu uma sentença de mais de 700 páginas, que absolvia os acusados por falta de provas.
Paulo Helal recebeu honrarias da Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales) por ser o primeiro maçom do Estado. Já a via mais famosa de Vitória, chama-se Avenida Dante Michelini.

 

Mesmo 40 anos após o ocorrido, as fotos em preto e branco da criança sendo retirado da mata ainda causam desconforto. Nos registros, alguns policiais retiram partes do pequeno corpo em uma maca onde a única coisa reconhecível são as madeixas longas de Araceli. Ela foi encontrada em um estado de decomposição avançado e já devorada por animais da região, a ponto da perícia ter de recorrer a peneiras de garimpo para encontrar dentes e outras partes corporais no meio da terra.

 

Filha do eletricista espanhol Gabriel Crespo e da boliviana radicada no Brasil Lola Sánchez, Araceli nasceu em Cubatão (SP). Por conta de sua bronquite e a forte poluição da cidade, os pais se mudaram para Vitória, aproveitando uma proposta de emprego de Gabriel no Porto de Tubarão. Na cidade a família se estabeleceu definitivamente com o primogênito Carlos e Araceli.

Mobilização para a data

O dia 18 de maio foi instituído em 1998, quando cerca de 80 entidades públicas e privadas, reuniram-se na Bahia para o 1º Encontro do Ecpat no Brasil. O evento foi organizado pelo Centro de Defesa de Crianças e Adolescentes (CEDECA/BA), representante oficial do Ecpat, organização internacional que luta pelo fim da exploração sexual e comercial de crianças, pornografia e tráfico para fins sexuais, surgida na Tailândia. O encontro reuniu entidades de todo o país. Foi nessa oportunidade que surgiu a ideia de criação de um Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual Infanto-Juvenil. De autoria da então deputada federal Rita Camata (PMDB/ES) – presidente da Frente Parlamentar pela Criança e Adolescente do Congresso Nacional -, o projeto foi sancionado em maio de 2000. Desde então, a sociedade civil em Defesa dos Direitos das Crianças e Adolescentes promovem atividades em todo o país para conscientizar a sociedade e as autoridades sobre a gravidade da violência sexual. O Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes vem manter viva a memória nacional, reafirmando a responsabilidade da sociedade brasileira em garantir os direitos de todas as suas Aracelis.

Símbolo

A campanha tem como símbolo uma flor, como uma lembrança dos desenhos da primeira infância, além de associar a fragilidade de uma flor com a de uma criança. O desenho também tem como objetivo proporcionar maior proximidade e identificação junto à sociedade, proximidade e identificação com a causa. Esse símbolo surge durante a mobilização do Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes de 2009. Porém, o que era para ser apenas uma campanha se tornou o símbolo da causa, a partir de 2010. Para alcançar esse objetivo, é necessário que a sociedade em geral Faça Bonito na proteção de nossas crianças e adolescentes.

Chamada

O slogan Faça Bonito – Proteja nossas crianças e adolescente quer chamar a sociedade para assumir a responsabilidade de prevenir e enfrentar o problema da violência sexual praticada contra crianças e adolescentes no Brasil.

Lei

Lei 9.970 – Institui o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual Infanto-juvenil

Art. 1º. Fica instituído o dia 18 de maio como o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.