O enterro de dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira foi marcado pela emoção e sentimento de revolta,Douglas Rafael foi sepultado na tarde de hoje (24) em clima de grande comoção, no Cemitério São João Batista, em Botafogo, zona sul da cidade. Sob muitos aplausos e aos gritos de “justiça” e “polícia assassina”, o caixão foi coclocado em um jazigo simples.
Antes de fecharem a sepultura, os presentes seguraram o caixão no alto e cantaram músicas funk enaltecendo o amigo e protestando contra a violência policial. Douglas morreu na madrugada da última terça-feira (22), mas seu corpo só foi localizado no início da tarde. A suspeita de que tenha sido assassinado pela Polícia Militar gerou uma onda de revolta por parte da comunidade do Morro Pavão-Pav ozinho, em Copacabana.
O laudo preliminar do Instituto Médico-Legal apontou que o jovem foi morto por um objeto que atravessou o seu pulmão, possivelmente uma bala. Depois do enterro, os moradores voltaram em passeata para o Morro Pavão-Pavãozinho pelas ruas de Copacabana, carregando cartazes protestando contra a violência policial e pedindo justiça para o caso. A marcha foi acompanhada por policiais militares.
A Polícia Civil do Rio de Janeiro já ouviu oito policiais militares que participaram da troca de tiros na noite de segunda-feira na favela Pavão-Pavãozinho, em Copacabana. O tiroteio ocorreu horas antes de o corpo do dançarino Douglas Rafael ser encontrado em uma creche no morro.
Segundo o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, dez policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) trocaram tiros com bandidos na favela quando foram checar uma denúncia de que o traficante Pitbull estaria em uma região da favela. Na manhã seguinte, a Polícia Civil encontrou o corpo de Douglas na creche.
De acordo com a Polícia Civil, o Comando da Polícia Militar já está com as armas dos dez policiais envolvidos sob custódia. O armamento deverá ser entregue nesta quinta-feira para que sejam encaminhadas para perícia. Na tarde de quarta-feira, foi realizada uma perícia complementar na creche onde Douglas foi encontrado e a polícia aguarda os resultados dos laudos dessa vistoria.
A Polícia Civil confirmou que Douglas Rafael foi atingido por um tiro. A informação foi divulgada pelo titular da Delegacia de Ipanema (13ª DP), Gilberto Ribeiro.
Os depoimentos dos policiais e a perícia das armas buscam auxiliar a investigação que determinará as circunstâncias da morte de Douglas. O laudo preliminar apontou que o dançarino morreu devido a hemorragia causada por um tiro transfixante, mas resta determinar, entre outras questões, quem efetuou o disparo (policiais ou criminosos) e se a vítima foi torturada e abandonada na creche.
O advogado da família de Douglas Rafael da Silva Pereira, Rodrigo Mondego, da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ), disse que havia uma rixa recente do dançarino do programa Esquenta com policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da favela Pavão-Pavãozinho, em Copacabana.
Segundo Rodrigo Mondego, no sábado, Douglas e um amigo dele, chamado Paulo Henrique (conhecido como “Hulk”), foram chamados de “bandidos” por policiais da UPP. De acordo com Mondego, Paulo Henrique estava na favela e foi abordado pela polícia porque estaria olhando para um PM da UPP. O policial teria perguntado se Paulo Henrique queria tirar uma foto com ele. “Aí Hulk, que já trabalhou como ator em um filme, disse que ele é que era famoso. O policial então disse que Hulk, DG e o Bonde da Madrugada eram bandidos”, afirmou o advogado, contando que Douglas estava a cem metros de Paulo Henrique neste momento.
O advogado disse que vai pedir que Paulo Henrique preste depoimento à polícia. “Isso ajuda a mostrar que havia uma rixa recente entre os policiais, o Douglas e o Bonde da Madrugada”, afirmou Mondego.
Paulo Henrique gravou com Douglas o curta-metragem “Made in Brazil”, em que interpreta um policial que mata Douglas.
Em 2011, Douglas já havia tido uma desavença com policiais da UPP porque reclamou que estava sendo abordado com frequência por causa de sua moto. Depois, a moto apareceu com areia no tanque e, posteriormente, foi roubada na favela.