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Corpo de grávida é encontrado na linha de trem em Deodoro


O corpo de uma mulher grávida foi encontrado na manhã desta quinta-feira na linha de trem em Deodoro, na Zona Norte do Rio. A família reconheceu que se trata de Thaysa Campos dos Santos, de 23 anos, desaparecida na última quinta-feira com oito meses de gestação. Os familiares foram informados do corpo por moradores da região.
A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) instaurou inquérito para apurar as circunstâncias da morte. Segundo a Polícia Civil, o corpo foi encontrado em avançado estado de putrefação na Estrada Marechal Alencastro, em Deodoro. A perícia foi  realizada no local e o corpo foi encaminhado ao IML para necropsia e identificação oficial. “Diligências estão em andamento para elucidar o caso”, diz a DHC.
A Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar informou que equipes do 14º BPM (Bangu) foram acionadas para checar a presença do corpo. Chegando ao local, os policiais constataram que tratava-se de uma mulher, em um córrego, às margens da linha férrea. A área foi isolada e a Delegacia de Homicídios da Capital acionada.
A SuperVia foi informada sobre a existência de um corpo em uma canaleta nas proximidades da estação Deodoro às 10h30. Imediatamente, a concessionária acionou o Grupamento de Policiamento Ferroviário (GPFer) para as providências necessárias.
O caso estava andamento na Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA) para apurar os fatos. Os agentes ouviram testemunhas e buscavam informações que ajudassem a localizar a vítima. Na casa da manicure foram encontrados brindes, um berço com enxoval. Uma festa estava marcada para o último domingo, que não aconteceu por causa do desaparecimento da grávida.
A Secretaria de Estado de Vitimados (SEVIT) informa que ofereceu atendimento psicológico e social para a família de Thaysa Campos. A equipe psicossocial conversou com a família da jovem grávida e vai acompanhar o caso.
Thaysa Campos pode ter sido morta por traficantes da favela do Triângulo, segundo a delegada da Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA), Elen Souto, responsável pelo caso.
Segundo a delegada, a família da vítima ficou sabendo, na madrugada de quinta para sexta-feira, que ela estava com traficantes. Segundo as investigações, ela morreu em uma favela dominada pela facção Terceiro Comando Puro (TCP), mas também frequentava, por vezes, comunidades que tem a criminalidade controlada pelos rivais do Comando Vermelho (CV).
“Essa atitude de frequentar comunidades controladas por facções rivais, pode ser interpretado por traficantes como informante, X9. E a gente sabe que essa desconfiança pode ser uma grande motivação para que esses criminosos cometam homicídios”, explicou a delegada Elen Souto.
Outra linha de investigação apurada pela DDPA é de que o pai da bebê e a esposa dele possam ter algum envolvimento com o assassinato de Thaysa. A Polícia Civil tem informações de que o casal também tinha conhecidos na comunidade do Triângulo. “O pai da criança era casado e nós sabemos que a mulher dele já havia dito categoricamente que essa criança não nasceria”, contou a delegada.
A delegacia especializada ainda apura uma terceira hipótese, de que ela possa ter sido morta por conta de uma discussão com a esposa de um miliciano, duas semanas antes de seu desaparecimento. Na ocasião, a mulher teria chegado a agredir a jovem grávida.
Thaysa já estava na reta final da gravidez e foi morta na quinta-feira, após ir na favela para pegar uma bolsa de maternidade. “Pode ter sido uma emboscada”, afirmou a delegada. “O chá de bebê seria no domingo. Apesar de se mãe solteira, ela queria essa criança. O enxoval e lembrancinhas da bebê já estavam prontos. A pessoa que matou ela tem plena consciência de que estava matando duas vidas”, finalizou Elen Souto.
Por conta do estado avançado de decomposição do corpo, a perícia da Polícia Civil não pode afirmar qual foi a causa da morte da jovem. No entanto, foi constatado que Thaysa não tinha sinais de aborto.