Um relatório da Controladoria Geral do Município do Rio mostra que a prefeitura comprou milhões de materiais hospitalares acima do preço para o combate à Covid-19. A diferença entre o preço contratado e o estimado é de mais de R$ 34 milhões, segundo o documento. A prefeitura argumenta que houve economia em comparação à média nacional do que foi gasto.
Segundo o relatório, insumos comprados da empresa chinesa China Meheco, em um contrato que passa de R$ 7 milhões, nunca foram entregues nos hospitais. Além disso, para os itens chegarem no Rio, foi necessário fretar uma aeronave no valor de R$ 16 milhões.
Os contratos feitos com a empresa foram checados pelos auditores do órgão de regulação interno da própria prefeitura. Além disso, as compras do município com a empresa foram comparadas com outras que também foram realizadas durante o período da pandemia do novo coronavírus.
Em dólar, as aquisições levaram em conta uma cotação de um para R$ 5,50. Em valores convertidos, a prefeitura pagou R$ 0,99 por cada touca cirúrgica. De acordo com a controladoria, o município pagou de R$ 0,05 a R$ 0,15 pelo item em outras compras feitas recentemente.
O órgão também apontou diferença grande de valor na comprar de óculos de proteção. Cada óculos chinês saiu por R$ 38,83, mas em outros contratos, a prefeitura pagou de R$ 4,65 a R$ 7,90.
Além das toucas e dos óculos, as máscaras N95 da China Meheco custaram R$ 10,89, enquanto nas compras anteriores os equipamentos saíram por R$ 2,36.
No documento, a controladoria chamou atenção para a compra com uma empresa estrangeira e destacou que a “condição torna ainda mais dispendiosa a contratação em comparação às empresas nacionais”.
“Não foram encontradas justificativas para aquisições realizadas acima do preço de mercado”, destacou o órgão no documento.
A controladoria ainda recomendou que a “Secretaria Municipal de Saúde instaure um procedimento administrativo para apurar as irregularidades ou apresente justificativa para as compras acima do preço de mercado”.