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PF prende suspeitos de matar índio Arariboia no MA

Policiais federais prenderam, em caráter preventivo, dois suspeitos de assassinar o professor e coordenador regional da Comissão de Caciques e Lideranças da Terra Indígena Arariboia (Cocalitia), Zezico Rodrigues Guajajara. A identidade deles não foi divulgada.

Militante da luta contra a invasão e a extração ilegal de madeira da reserva indígena, localizada no Maranhão, Zezico foi morto a tiros no dia 31 de março.

Segundo a PF, os suspeitos são dois índios que viviam na mesma terra indígena que Zezico – um deles, na mesma aldeia que o professor, a Zutíua, no município de Arame (MA), a cerca de 270 quilômetros de Imperatriz. O cacique da aldeia, no entanto, afirma que um deles não é indígena, mas vive na reserva por ser casado com uma índia.

Segundo a PF, enquanto cumpriam os mandados de busca e apreensão expedidos pela 2ª Vara da Justiça Federal em São Luís, os policiais não encontraram os dois, que se apresentaram posteriormente na delegacia da PF em Imperatriz, acompanhados por um advogado.

Após serem interrogados, os dois foram encaminhados ao sistema prisional. Eles foram indiciados por homicídio e, se forem considerados culpados, podem ser condenados a penas que variam de seis a 20 anos de prisão. A PF informou que, durante a investigação, encontrou evidências da participação dos indígenas no assassinato.

Apenas um dia após Zezico ser emboscado, a cerca de 3 quilômetros da aldeia Zutiua, quando retornava da cidade de Grajaú, o cacique Paulino Rodrigues Guajajara disse à Agência Brasil que a comunidade indígena suspeitava que o professor tinha sido morto por outro índio da própria região; alguém que, segundo ele, tinha “raiva” e “inveja” da liderança do professor.

Cunhados

O cacique disse hoje (23) à Agência Brasil que os assassinos são cunhados. Ele ressaltou que, embora um deles viva na Terra Indígena Arariboia, casado com uma indía, não é indígena. De acordo com Paulino Guajajara, o “não índio induziu” o indígena a matar Zezico. O crime, segundo Paulino Guajajara, agravou a tensão na região. “A gente está com medo e pedindo segurança para a aldeia porque as coisas aqui estão tão tensas que não conseguimos mais fazer as coisas do dia a dia.”

Segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Zezico foi o quinto membro da etnia Guajajara assassinado na região desde meados de novembro de 2019. Entre eles está o líder Paulo Paulino Guajajara, integrante do grupo Guardiões da Floresta, formado pelos próprios indígenas para monitorar e defender seus territórios. Paulino também foi morto a tiros, em novembro.

Professor indígena é morto a tiros no Maranhão

01/04/2020 – 14:45

Professor da rede pública com participação ativa na luta contra a invasão e a extração ilegal de madeira da Terra Indígena Arariboia, no Maranhão, Zezico Rodrigues Guajajara foi morto a tiros nesta terça-feira (31).

Diretor do Centro de Educação Escolar Indígena Azuru, Zezico vivia na aldeia Zutíua, em Arame (MA), a cerca de 270 quilômetros de Imperatriz (MA). Segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), ele tinha acabado de ser nomeado coordenador-regional da Comissão de Caciques e Lideranas da Terra Indígena Arariboia (Cocalitia).

Ainda de acordo com a entidade indigenista vinculada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Zezico é o quinto membro da etnia guajajara assassinado desde meados de novembro de 2019. Entre eles está o líder Paulo Paulino Guajajara, integrante do grupo Guardiões da Floresta, formado pelos próprios indígenas para monitorar e defender seus territórios. Paulino também foi morto a tiros, em novembro.

Os crimes motivaram o Ministério da Justiça e Segurança Pública a autorizar o envio de agentes da Força Nacional de Segurança Pública para reforçar a segurança na Terra Indígena Cana Brava Guajajara,

Apesar de terem atendido a ocorrência, nem a Polícia Civil nem a Polícia Militar forneceram mais informações oficiais sobre o caso.

Para o cacique da aldeia Zutiua, Paulino Rodrigues Guajajara, Zezico foi vítima de um “ato covarde”, praticado por quem tinha “raiva” e “inveja” do professor.

“O assassinaram com um tiro de espingarda quando ele estava voltando da cidade de Grajaú. A uns três quilômetros da aldeia o surpreenderam e atiraram contra ele”. O cacique não descarta a hipótese de Paulino ter sido morto por outro índio da própria comunidade. “Todo mundo está comentando que não foi um branco quem o matou, mas os próprios parentes [índígenas]. É uma suspeita”.

Em nota, a Fundação Nacional do Índio (Funai) lamentou a morte de Zezico e informou que a Polícia Federal (PF) e a Secretaria de Segurança Pública do Maranhão já estão investigando as motivações do crime, tentando identificar os responsáveis. A Constituição Federal estabelece que a proteção dos povos indígenas e das terras por eles ocupadas compete à União, à qual está subordinada a PF.

No Twitter, o governador Flávio Dino lamentou o homicídio e afirmou que as forças estaduais estão à disposição “para auxiliar o governo federal na segurança a indígenas”.

Em nota, a Secretaria Estadual de Educação se solidarizou com os parentes, amigos e com toda a comunidade escolar, “que se encontra de luto” pela perda do professor.

Já a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) exigiu justiça, atribuindo o homicídio ao que classificou como “o agravamento da violência e da vulnerabilidade dos povos indígenas, sobretudo das lideranças que lutam pela defesa dos seus territórios”.

Fonte  Agência Brasil