O presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, criticou nesta segunda-feira (9) a secretaria especial da Cultura, Regina Duarte, depois da atriz se referir a ele como um “problema”.
Em entrevista ao programa “Fantástico”, da TV Globo, exibida no domingo (8), Regina classificou Camargo como “ativista, mais que um gestor público”. A secretaria também disse ter sido alvo de uma “facção” que quer ocupar seu lugar no governo. A Fundação Palmares é subordinada à Secretaria da Cultura.
Nesta segunda, em sua conta no Twitter, Camargo fez uma crítica indireta à fala de Regina, ao desejar “bom dia a todos, exceto a quem chama apoiadores de Bolsonaro de facção e o negro que não se submete aos seus amigos da esquerda de ‘problema que vai resolver’”.
Segundo o jornal O Globo, na semana passada, na véspera da posse de Regina, Camargo reuniu-se com o presidente Jair Bolsonaro e publicou uma foto do encontro, ressaltando que estava assegurado no cargo pelo apoio de Bolsonaro e do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, a quem a secretaria está subordinada.
A afirmação foi vista como uma resposta à forte especulação de que Regina demitiria Camargo. Nomeado pelo ex-secretário da Cultura Roberto Alvim em novembro de 2019, ele foi afastado pela Justiça no mês seguinte, por conta de suas opiniões sobre o movimento negro e a escravidão. Em 12 de fevereiro, entretanto, o Superior Tribunal de Justiça derrubou a suspensão.
Sergio Nascimento de Camargo afirmou que a escravidão foi “benéfica para os descendentes” e atacou personalidades como a ex-vereadora do Rio Marielle Franco e a atriz Taís Araújo.
No Facebook, onde tem uma conta atualizada diariamente, o jornalista e novo presidente da instituição disse, em setembro de 2019, que o “Brasil tem racismo nutella. Racismo real existe nos EUA. A negrada daqui reclama porque é imbecil e desinformada pela esquerda”.
Em outra postagem, em novembro, ele defendeu a extinção do Dia da Consciência Negra. “O Dia da Consciência Negra é uma vergonha e precisa ser combatido incansavelmente até que perca a pouca relevância que tem e desapareça do calendário.”
Utilizando o perfil da pessoa com quem diz estar em um “relacionamento sério”, via rede social, Camargo disse que sua “atuação à frente da Fundação será norteada pelos valores e princípios que elegeram e conduzem o governo Bolsonaro”.
No Decreto N.º 6,853, de 15 de maio de 2009, que regulamenta a instituição, a Fundação Cultural Palmares “tem por finalidade promover a preservação dos valores culturais, sociais e econômicos decorrentes da influência negra na formação da sociedade brasileira”.
Entre os objetivos, está o de “apoiar e desenvolver políticas de inclusão dos afro-descendentes no processo de desenvolvimento político, social e econômico por intermédio da valorização da dimensão cultural”.