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Grupo de pessoas recebeu pagamentos para escolher o Rio para jogos olímpicos

A força tarefa da Lava Jato no Rio tem indícios de que um grupo de pessoas recebeu pagamentos destinados à compra de votos para a escolha do Rio como sede dos jogos olímpicos Rio 2016. A informação foi divulgada pela procuradora da República Fabiana Schneider durante coletiva de imprensa na sede da Polícia Federal, na Praça Mauá, na manhã desta quinta-feira.

O presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Nuzman, e o ex-diretor do Comitê Rio 2016, Leonardo Gryner, foram presos, nesta quinta-feira, pela segunda etapa da Operação ‘Unfair Play’, um desdobramento da Lava Jato. Uma das provas são e-mails reveladores entre Nuzman, Gryner e Papa Diack, filho do presidente da Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF), Lamine Diack.

Nas trocas de mensagens, Papa Diack cobrava valores acordados no esquema de compra de votos aos dirigentes brasileiros. De acordo com a procuradora, Diack dizia que “nossos amigos” estariam “tristes” com a demora dos pagamentos. “Os e-mails revelam que o dinheiro não se destinava a apenas uma pessoas, mas a um conjunto de pessoas que ele designa como ‘nossos amigos'”, completou Fabiana. “Enquanto os medalhistas olímpicos buscavam o ouro em competições, os dirigentes do Comitê Olímpico escondiam seu ouro em casa”, enfatizou.

O procurador Rodrigo Timoteo afirmou que o esquema não se destinava apenas escolher o Rio como sede olímpica, mas também beneficiar economicamente ao menos quatro pessoas envolvidas na quadrilha do ex-governador Sérgio Cabral.

São eles: Arthur Soares, o ‘Rei Arthur’, que é sócio de várias empresas prestadoras de serviços para o estado e continua foragido; o também empresário Marco de Luca, preso em junho; Jacob Barata Filho, dono de empresas de ônibus, contratadas para prestar serviços durante o evento; e o ex-secretário de Saúde do governo de Cabral, Sérgio Côrtes, detido em abril.

“Existia um esquema de ‘ganha-ganha’ nessa organização criminosa. O que nós chamamos de ‘ganha-ganha’ é que não bastava ganhar a Olimpíada. A organização criminosa recebeu de alguma forma benefícios da realização dos Jogos”, reforçou o procurador.

Segundo Timoteo, Arthur Soares, que depositou R$ 2 milhões para a compra do voto de Lamine Diack, abriu um empreendimento na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, que estava acobertado desde o início com contratos com o Comitê Rio 2016. Já Marco de Luca foi contratado para prestar serviços de alimentação e hospitalidade para a organização no valor aproximado de R$ 90 milhões.

“Além deles, temos também a contratação de empresas de Jacob Barata Filho para a prestação de serviço de transportes para os Jogos”, acrescentou o procurador. Ele disse ainda que Côrtes foi contratado pelo presidente do COB para produzir um dossiê contra um oponente de Nuzman na eleição para o Comitê Olímpico.

Os procuradores explicaram que, após a primeira etapa da operação ‘Unfair Play’, Nuzman incluiu em sua declaração de Imposto de Renda 16 kg de ouro, avaliados em aproximadamente R$ 2 milhões, sem apontar rendimentos que justifiquem os bens. Para eles, a retificação foi uma forma de tentar dar uma aparência de legalidade ao patrimônio que estava omisso. Nuzman e Gryner responderão por corrupção ativa e passiva.