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Funcionários do Theatro Municipal do Rio protestam contra crise

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Funcionários do Theatro Municipal do Rio de Janeiro protestaram hoje (9) contra a crise financeira da instituição com um espetáculo de ópera e música clássica na escadaria no prédio, na Cinelândia, centro da capital fluminense. O corpo da orquestra, do coro, bailarinos e técnicos administrativos da instituição encantaram a multidão que se juntou ao redor do teatro. Entre uma peça e outra, os artistas alertaram a população sobre os atrasos salariais e a falta de investimentos que vêm deteriorando o funcionamento do teatro.

A primeira bailarina do Municipal, Ana Botafogo, agradeceu o apoio da população. “Estamos aqui para dar voz às nossas angústias, e nós somos a voz desse teatro. Estamos aqui para mostrar do que somos capazes. Trazer alegria e encantamento para vocês. Mas isso está muito difícil, só temos tristeza, angústias e muita incerteza. Educação e cultura são primordiais, não há um país e uma cidade sem educação e cultura.” disse a bailarina.

Integrante do coro sinfônico do teatro desde 2001, Celso Mariano disse que continua trabalhando por amor à arte e respeito ao público. “Estamos com três meses de salários atrasados. Colegas nossos não estão conseguindo sequer se locomover de casa para o trabalho, alguns estão tendo que optar entre comer ou ir ao trabalho”, disse. “É uma verdadeira penúria o que estamos vivendo.”

A atriz Leonor Sousa Pinto estava na plateia e apoia as reivindicações dos colegas do teatro. “É patético o estado em que está Theatro Muncipal. Sou irmã de um integrante do coro. Semana passada, meu irmão estava albergando colegas que perderam a casa, pois não têm como pagar”, contou. “Os contratados vivem do dinheiro da bilheteria, e com o teatro parado, sem produzir direito, eles não têm salário. Há duas categorias aí dentro: os contratados que estão em situação ainda pior e os concursados que não recebem salário desde fevereiro.”

Durante a apresentação, foram coletados alimentos não-perecíveis e doações que serão entregues aos servidores do teatro. Doações podem ser feitas antes dos espetáculos e diariamente na recepção do prédio administrativo do teatro, na Avenida Almirante Barroso, 14/16, Centro.

A falta de verba tem prejudicado a programação do teatro desde o ano passado e vários espetáculos foram cancelados.

Crise generalizada

A Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro informou por meio de nota que o atraso nos salários “não é um problema exclusivo dos valorosos profissionais que atuam no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, mas que atinge os servidores estaduais como um todo, incluindo a própria Secretaria de Estado de Cultura e todas as demais pastas”.

O problema, segundo a secretaria, só será contornado a partir da ajuda federal que está sendo negociada com a União. O órgão elogia os profissionais do teatro e diz que a grande procura por espetáculos confirma o “forte laço entre artistas e sociedade”.

 

(Fonte Agência Brasil)