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Mulher de Amarildo diz que acusações de envolvimento dela e do marido com o tráfico são mentirosas

A mulher, Elizabeth, e os seis filhos do ajudante de pedreiro Amarildo (Anderson, Emerson, Ana Beatriz, Amarildo, Allisson e a pequena Milena de seis anos) compareceram hoje (11) ao ato de solidariedade, organizado por diversas instituições da sociedade civil em alusão ao Dia dos Pais, comemorado neste domingo, para cobrar das autoridades um desfecho para o caso Amarildo. O ajudante de pedreiro desapareceu no último dia 14 de julho, quando foi levado por policiais militares para a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da  favela Rocinha zona sul  no Rio de Janeiro .

Elizabeth disse que todas as acusações de envolvimento dela e do marido com o tráfico são mentirosas e visam a desviar o foco de atenção das investigações sobre o desaparecimento do marido. “Isso é tudo mentira. Para eles falarem isso, tem que ter prova”, declarou, ao comentar o relatório apresentado pelo ex-delegado adjunto da 15ª Delegacia Policial (DP) da Gávea, na zona sul da cidade, Ruchester Marreiros. Nas suas investigações, o delegado indicava o envolvimento do pedreiro e de sua mulher com o tráfico na comunidade. O relatório foi desconsiderado pelo delegado titular da 15ª DP, Orlando Zaccone.

A mulher do pedreiro declarou ainda que, sem imagens, fica fácil falar qualquer coisa. “Estão querendo sair do foco e querendo me envolver”. Segundo Elizabeth, a casa onde mora nunca foi usada por traficantes. “Minha casa nunca foi alvo de nada”. Ela ressaltou que está com medo da polícia, “porque a gente não sabe o que está no coração deles. Já que estão inventando isso, então para poder fazer alguma coisa de ruindade comigo e com minha família, está custando pouca coisa”.

O filho de Elizabeth, Anderson Dias Gomes, de 21 anos, declarou estar angustiado com as insinuações feitas contra a mãe e o pai. “Nós já estamos sofrendo bastante para eles inventarem uma calúnia dessa, sem provas”. Ele relatou que a casa em que a família mora é pequena, “muito mal dá para a gente dormir”, e não tem sequer quintal que possa funcionar como rota de fuga, como teria sugerido a polícia.

Anderson assegurou que não existe na Rocinha a paz que a UPP diz ter trazido a comunidade. “Não existe paz”. Disse que os traficantes vivem nos becos e nas vielas e destacou que de mil moradores da favela, “99% são trabalhadores, pagam seus impostos”. Ele prometeu lutar até o fim para solucionar o desaparecimento de Amarildo. “Eu, enquanto estiver vivo, nunca vou desistir do meu pai”. Anderson não quer que o caso se transforme em mais um número apenas, “como outros casos que ficaram impunes”.

Elizabeth ficou alguns dias fora da cidade, na casa da filha, mas retornou à Rocinha. Ela destacou que esta é a primeira vez em que os seis filhos passam o Dia dos Pais sem Amarildo. “Está sendo triste para mim, para meus filhos, a família toda”. Disse ainda esperar por justiça, agora que o marido está morto, “porque até agora a justiça não apareceu”. (Agência Brasil)A Anistia Internacional promove hoje, na comunidade da Rocinha, um ato de solidariedade à família do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, cujo desaparecimento vai completar um mês no dia 14. Amarildo desapareceu em julho, após ser levado por policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha, e nunca mais foi visto.

A assessora de Direitos Humanos da Anistia Internacional, Renata Neder, disse à “Agência Brasil” que ações e atividades de mobilização são feitas normalmente pela organização não governamental. As ações de solidariedade são promovidas em apoio a famílias ou pessoas que são vítimas de violência, estão em situação de risco ou têm seus direitos violados.

Na segunda-feira passada, a Anistia lançou um apelo para que todos os seus membros, no mundo inteiro, escrevam cartas com uma demanda específica. “Nesse caso, a gente lançou uma ação urgente, pedindo investigação sobre o paradeiro do Amarildo”.

Renata informou que a decisão de fazer o ato de solidariedade hoje, quando se comemora o Dia dos Pais, tem por objetivo “brincar que, neste domingo, seremos todos filhos e filhas do Amarildo, esperando ele voltar para casa”. “É um ato de solidariedade com a família, mas também reforçando o pedido de investigação do caso”, afirmou.

A assessora destacou a importância de se começar a discutir outros fatos que permanecem sem resposta até hoje. Segundo ela, outra coisa que preocupa a Anistia Internacional é a tentativa de se criminalizar, de alguma forma, a família de Amarildo.

Renata lembrou que o relatório apresentado pelo ex-delegado adjunto da 15ª Delegacia Policial (DP) da Gávea, na zona sul do Rio, Ruchester Marreiros, aponta envolvimento do pedreiro e da mulher dele com o tráfico de drogas. Mas o delegado titular da 15ª DP, Orlando Zaccone, contesta essa avaliação.

(Agência Brasil)

Onde está o Amarildo?

24/07/2013

Pelas redes sociais e nas ruas, uma mesma pergunta tem se repetido: “Onde está Amarildo?”. A indagação, por vezes, é precedida do nome do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB) ou da Polícia Militar carioca, possíveis conhecedores da resposta para a dúvida.

O Facebook e o Twitter ajudaram a alavancar a campanha que quer saber o destino do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza Dias, de 47 anos, morador da Rocinha que desapareceu no dia 14 de julho após abordagem realizada por agentes da UPP instalada na comunidade.

No Twitter, a conta da PM carioca tem sido frequentemente instada a falar sobre o destino do ajudante de pedreiro e a hastag #OndeEstaAmarildo foi escolhida pelos internautas para uniformizar a campanha nas redes. Nas ruas, durante as manifestações, os policiais escutam: “Ei, Polícia, Cadê o Amarildo?”.

Até mesmo o Papa Francisco foi alvo da indagação. Durante os protestos, no Rio de Janeiro, em função da vinda do pontífice ao país, uma projeção em um prédio da região central fazia a pergunta: “Papa, cadê o Amarildo?”

No último domingo (21), durante a noite, moradores e amigos de Amarildo realizaram um protesto silencioso próximo à UPP da Rocinha, na entrada do Portão Vermelho. Na comunidade, um mutirão de moradores tem feito buscas no morro para tentar encontrar o ajudante de pedreiro, que tem 6 filhos.